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Carla Satler

CONECTANDO OS SABERES: O ENSINO DE HISTÓRIA POR MEIO DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO
Carla Satler
Universidade Regional de Blumenau

O Ensino Médio no Brasil tem sido tema de discussões há anos, para além da autoritária reforma sancionada recentemente, é a identidade e finalidade destes três anos de estudos o ‘nó’ que não se consegue desatar. Se para alguns educadores o Ensino Médio é uma preparação, uma passagem para o Ensino Superior, outros defendem que ele pode ter um fim formativo em si mesmo e, nesse sentido, entende-se que se faz necessário a oferta de opções profissionalizantes para aqueles que não pretendem cursar o Ensino Superior. Nota-se que esta divergência permeia algumas discussões sobre a atual reforma do Ensino Médio, cujo embate está longe de proporcionar uma solução, talvez por pensar uma solução única, mas de fato seja necessário oferecer uma diversidade de opções que atendam aos anseios e necessidades dos estudantes. Aliás, grupo que não teve espaço para exprimir sua opinião sobre o assunto. E quando me refiro a espaço, quero dizer a oportunidade de criticar, opinar, sugerir, ou seja, construir junto uma proposta que também atenda as expectativas geracionais destes estudantes.
Devido a esta ‘crise identitária’, considero difícil lecionar no Ensino Médio, de certa forma compartilho com os estudantes a angústia de pensar o seu futuro, afinal como devo planejar as aulas de história? Uma revisão de conteúdo tendo por fim o ENEM e vestibulares, ou focada na análise e debate, com o intuito de proporcionar a formação de um cidadão atuante, crítico em relação ao mundo do trabalho e a sociedade. Alguns poderão dizer que é possível e necessário fazer os dois, mas basta uma leitura rápida nas últimas provas de história do ENEM e dos vestibulares, para se perceber que os assuntos e detalhes solicitados nestes exames estão muito além dos conteúdos elencados nos livros didáticos e nas propostas curriculares estaduais. Ao se ater a detalhes como datas, locais, personagens históricos, quer dizer, favorece muito mais um conteúdo a ser decorado, ao invés de ser debatido e questionado, portanto parte de uma concepção de aulas de história que pouco se relaciona com a formação de estudantes atuantes e críticos. Os responsáveis pela elaboração destas provas parecem ter pouco conhecimento sobre a realidade das salas de aula brasileiras ou mesmo as propostas que temos feito para o ensino desta disciplina.  Ou seja, a partir das provas de ingresso no ensino superior que são realizadas, torna-se muito difícil conciliar estes dois ‘modelos’ de ensino médio.
Como professora universitária, também destaco que esse formato de Ensino Médio que possibilita aos estudantes passarem muito bem nos vestibulares, pouco desenvolve as habilidades e competências necessárias ao estudante universitário. Nesse sentido, o Ensino Médio torna-se uma passagem tão somente, distante das necessidades dos jovens, da universidade e mesmo da sociedade, pois no momento é difícil estabelecer um diálogo com o mundo do trabalho e, mais difícil ainda, com uma percepção mais filosófica da vida.
Entendo que para além da mudança da estrutura ou do currículo do ensino médio, é na prática cotidiana que se efetivará uma real possibilidade de ressignificação destes três anos de estudo. Tal análise foi possível após lecionar para o Curso Integrado em Química do IFSC – Jaraguá do Sul/SC, mais especificamente por atuar junto ao Programa de Iniciação Científica ‘Conectando os Saberes’.
É preciso confessar que adentrei com desconfiança e certo desconforto no Programa, ainda atrelada a uma concepção de áreas de atuação. E a princípio o ‘Conectando os Saberes’ parecia estar mais vinculado à formação na área de exatas e biológicas, dado ser parte integrante de um curso técnico em química, mas logo foi possível perceber os resultados em textos, provas, apresentação de trabalhos e debates em que alunos e alunas apresentavam argumentos com criticidade, citações e autonomia, que tanto se almeja.
É a experiência desta relação entre sala de aula e a iniciação científica que se pretende abordar, como uma possibilidade de repensar o cotidiano do Ensino Médio e tentar desatar este ‘nó’ identitário.

Conectando os Saberes
O Programa de Iniciação Científica ‘Conectando os Saberes’ foi desenvolvido primeiramente pelos professores Clodoaldo Machado, Valmor Frantz e Viviane Grim do IFSC-Jaraguá do Sul/SC. [Para maiores informações o site é: https://sites.google. com/site/csifsc/principal]. ‘Conectando os Saberes’ é uma unidade curricular do Curso Técnico Integrado em Química, cujo principal objetivo é proporcionar aos alunos e alunas vivenciar a experiência da pesquisa científica. Da 1ª a 6ª fase todos estão envolvidos no desenvolvimento de uma pesquisa. As turmas são divididas em seis grupos de pesquisa com seis alunos e alunas em média, sendo que na primeira e segunda fases desenvolvem pesquisas relacionadas ao tema ‘Sociedade e Meio Ambiente’ na terceira e quarta fases novamente ‘Sociedade e Meio Ambiente’ e ‘A Química e a Vida’ e, por fim, nas quinta e sextas fases o tema é ‘A Química e a Indústria’, voltado para as especificidades do curso técnico. Nas fases ímpares são escolhidos temas e orientadores, assim como se dedica à elaboração do projeto de pesquisa e, nas fases pares é o desenvolvimento da pesquisa e escrita do relatório, com exceção da sexta fase, em que artigo científico substitui o relatório final [Projetos e Relatórios do 1º Ano podem ser lidos no site: https://sites.google.com/ site/csifsc/fases1e2]. Ao final de cada semestre há bancas de qualificação dos projetos e finalização das pesquisas, portanto, a cada ano as alunas e alunos passam por um processo de vivência da pesquisa científica semelhante ao universitário, o que lhes possibilita desenvolver a ‘alfabetização científica’ [Slides de apresentação de um projeto de 1º Ano: https://www.dropbox.com/s/i43fdb2xs5dcly2/CS%20-%20Dist% C3%BArbios%20do%20Sono.pptx?dl=0]. É possível definir alfabetização ou letramento científico como a capacidade de usar os conceitos, habilidades e valores científicos para tomar decisões cotidianas, distinguindo-os entre evidências científicas e opiniões pessoais, assim como reconhecer os principais conceitos, hipóteses e teorias da ciência e está apto a usá-los. (National Science Teachers Association - EUA, 1982 apud ROSA; MARTINS, 2017)
O Programa de Iniciação Científica ‘Conectando os Saberes’, possibilitou aos alunos e alunas um Índice de Letramento Científica* – ILC - de 70,9% em nível 4 ao fim da sexta fase do Ensino Médio, e na primeira fase 82,3% alcançaram um nível intermediário, um ótimo resultado ao compararmos com os resultados da pesquisa do Instituto Abramundo (2014) sobre o ILC brasileiro em que “Mais da metade (52%) daqueles que cursaram ou estão cursando o ensino médio encontram-se no nível 2 enquanto a proporção de pessoas com nível 3 é de 29% e apenas 4% atingem o nível 4.[...] O índice torna clara a dificuldade de grande parte dos entrevistados em realizar tarefas simples: 43% deles declararam ter problemas para compreender gráficos e tabelas, enquanto 48% acham difícil interpretar rótulos de alimentos.” (ABRAMUNDO apud VOSS, 2014)
A preocupação com a ‘alfabetização científica’ nas ciências exatas e biológicas é muito semelhante nas ciências humanas e das linguagens no que diz respeito à interpretação de texto, leitura crítica da história, da sociedade, de imagens, dos meios de comunicação, assim como os alunos e alunas desenvolverem a habilidade de problematização da realidade e do processo como é construído o conhecimento histórico.
Como dito anteriormente, as duas primeiras fases do Programa são dedicadas às pesquisas sobre ‘Sociedade e Meio Ambiente’, em que geralmente estão sob à orientação dos professores de História, Geografia, Língua Portuguesa, Sociologia, Filosofia, Biologia, assim como profissionais técnicos da área da Psicologia, Assistência Social e Pedagogia. É nessa etapa que conseguimos pôr em prática o ensino da História por meio da pesquisa, e permitir que os estudantes construam criticamente sua interpretação dos fatos estudados a partir da pesquisa de campo e de uma bibliografia elencada, pois se entende que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (FREIRE, 1996, p.12) Mas por mais que tenhamos ciência da afirmação de Paulo Freire acima, ou seja, que o ensinar deve superar a rotina de professores ensinando e alunos/alunas aprendendo, as dificuldades do cotidiano e da infraestrutura escolar, a formação dos professores, entre outras situações, por vezes conduz as aulas à mera transferência, mesmo que se desenvolvam formas muito criativas de transmissão de conhecimento, muitas vezes elas não modificam o papel de passividade imposto aos alunos e alunas.  
Ao definirem um tema, escreverem um projeto e depois desenvolverem a pesquisa bibliográfica, documental e de campo alunos e alunas estão atuando como protagonistas da construção do seu conhecimento. Para além da obrigação escolar, estes estudantes estão comprometidos com a investigação, com o saber que escolheram aprofundar e estão instigados a compreender a realidade da cidade em que residem. A pesquisa científica permite aos estudantes acessar o que Bateson designou como terceiro nível da educação** em que é possível “desmontar e reorganizar a estrutura cognitiva anterior ou desembaraçar-se totalmente dela, sem um elemento substituto.” (BATESON apud BAUMANN, 2013)
Além dos estudantes, o curso e a escola estão comprometidos com o Programa ‘Conectando os Saberes’, pois há uma programação de desenvolvimento que envolve encontros quinzenais no turno de aula, nos quais os/as orientadores e demais professores auxiliam na elaboração do projeto ou da pesquisa, na semana entre estes encontros há um encontro de orientação no horário de contraturno dos estudantes, e claro, a pesquisa de campo ou laboratório no qual eles trabalham prioritariamente no grupo, e por fim, a escrita do relatório ou artigo. O ‘Conectando os Saberes’ mobiliza a escola e educadores, pois a cada etapa alunos e alunas têm novos desafios pessoais para compreender o pensamento e a metodologia científica. Se no primeiro ano é a primeira pesquisa que realizam e compreender, elaborar e executar objetivos exigem exercícios de reorganização dos saberes, a partir do segundo ano alguns acrescentam as experiências laboratoriais e aprimoramento da pesquisa de campo, fato que faz com que compreendam como se dá a construção do conhecimento. As pesquisas são interdisciplinares, pois entre os temas escolhidos os grupos precisam do auxílio dos professores de diversas áreas, destaco alguns temas do primeiro ano para uma melhor compreensão: ‘Como são Construídos os Padrões de Beleza na Infância a partir dos Contos de Fadas’, ‘Distúrbios Alimentares em Jovens de Jaraguá do Sul: Suas Consequências Sociais’, ‘Distúrbios do Sono em Alunos e Professores do IFSC - Jaraguá do Sul/SC: causas e consequências’, ‘Acessibilidade Infraestrutural para Pessoas com Deficiência Física nas Escolas Públicas de Ensino Fundamental e Médio de Guaramirim/SC’, ‘Expressões da Violência Contra a Mulher Estudante do IFSC - Jaraguá Do Sul/SC’, ‘O Impacto Sociocultural da Imigração de Haitianos para Jaraguá do Sul/SC’, ‘A Música e sua Relação com a Qualidade de Vida dos Idosos de Jaraguá do Sul/SC: um Estudo de Caso no Centro de Convivência’, ‘Um Estudo Sobre a Arborização Urbana em Jaraguá do Sul’, entre outros; observem que apesar da diversidade, todos precisam de uma historicização para a análise dos conceitos que perpassam a pesquisa, compreender as descontinuidades ao longo da história e as interpretações conceituais usadas no tempo presente. Tal processo exige dos professores uma atitude de questionamento constante, orientadores são aqueles que perguntam, instigam, questionam os documentos pesquisados, a mídia, etc., jamais oferecem respostas prontas, apontam bibliografias que ajudem a reavaliar os dados da pesquisa de campo, sobretudo, quando estes trazem resultados muito diferentes das expectativas dos estudantes-pesquisadores. Quer dizer, alunos e alunas são motivados a repensarem seus saberes e a realidade. Muitas vezes a pesquisa de campo traz resultados bem distintos aos esperados pelos estudantes, fato bem interessante, pois é preciso reler e acrescentar bibliografia, além de superar o senso comum na forma de avaliar a cidade e a história.
Segundo a aluna Poliana Telles, atualmente na quarta fase do curso: “Do meu ponto de vista, o Conectando fornece uma percepção mais séria e mais clara a respeito do que realmente é o estudo. A pesquisa científica e a organização do pensamento para direcionar o projeto de forma que alcance o objetivo proposto são habilidades que desenvolvemos, levamos conosco e colocamos em prática em todas as outras disciplinas. A capacidade de associar o resultado de uma observação com a bibliografia utilizada ao longo do projeto também representa outro resultado desse treinamento acadêmico. O Conectando nos ensina como fazer ciência e como utilizá-la, e principalmente, entender que o que aprendemos nas aulas, seja de Física, Química, História ou Sociologia, chegaram até nós da mesma maneira, baseados nos fundamentos da pesquisa e do estudo.” 
Pedro Demo defende que as atividades de ‘sala de aula’ devem ser substituídas por pesquisa, particularmente entendo que as atividades devem ser complementares. Pois se a forma como vem sendo trabalhado os conteúdos no Ensino Médio tem se mostrado desconectado com a realidade, ensinar apenas por meio do desenvolvimento de pesquisas pode ser limitante aos conteúdos de cada tema selecionado. Por meio da metodologia desenvolvida no ‘Conectando os Saberes’ foi possível fazer com que os estudantes compreendam melhor os conteúdos selecionados para estudarem, mesmo que não estejam fazendo uso naquele momento de tal assunto, sabem que no decorrer de sua vida particular ou profissional poderão fazer uso desses conhecimentos, pois sabem onde eles serão aplicados no cotidiano ou profissionalmente.
Nas aulas de História destacam-se a análise crítica das fontes documentais, em que os estudantes passaram a pôr em xeque os meios de comunicação e, posteriormente, outros documentos, pois compreendem o processo de construção de uma ‘fonte de pesquisa’. E, ao exercitarem a pesquisa de campo, puderam perceber como a história de suas cidades, seus heróis foram construídos, entender que por vezes os fatos foram descritos pelos ‘vencedores’, portanto uma nova leitura precisa ser realizada. Tal atitude diante dos fatos históricos permanece presente nas discussões sobre história geral e do Brasil, algo que em muitos momentos permitiu avançar as discussões em sala de aula.
O entrelaçamento entre as pesquisas e o conteúdo estudado em sala de aula é o aspecto em que o ‘Conectando os Saberes’ demonstra o maior diferencial, pois os conteúdos deixam de ser um rol de conteúdos que os estudantes não entendem o porquê de estudarem, para se tornarem base fundamental para a pesquisa. Sobre essa relação Milena Leithold, também aluna da 4ªfase, comenta: “Os conteúdos estudados em sala de aula deixaram de ser algo que você ‘precisa saber pra tirar notas boas’ e passaram a ser informações, conhecimentos valiosos que passei a colocar e/ou perceber no meu cotidiano, criando uma relação entre o que a gente aprende na escola e o que acontece no mundo. Quanto à forma de estudar, o Conectando Saberes alimentou muito a minha curiosidade, além de ajudar a aprimorar minhas escolhas de leituras para pesquisa; no que anteriormente eu abria o primeiro site que via pela frente, hoje sou muito mais seletiva com as fontes de informações e já virou corriqueiro ler artigos que, antes, não leria.”
No IFSC-Jaraguá do Sul não há nenhum preparo para o vestibular, como aulas de revisão e similares, entende-se que o objetivo do Curso Técnico e da Instituição em si é formar profissionais nas áreas dos cursos, sendo que no quarto ano os alunos e alunas têm o estágio profissional e o Projeto Integrador, um trabalho de conclusão de curso.  Mas destaca-se que no ano 2016 os estudantes de Jaraguá do Sul obtiveram 58% de aprovação – em relação ao número de inscritos/aprovados – no vestibular da UFSC, o maior índice do estado de Santa Catarina, no ano anterior foram 61%. Foi muito superior às escolas particulares que dedicam o terceiro ano do ensino médio a uma exaustiva rotina de preparação e treino para os vestibulares.
O índice de 2015 levou a uma série de questionamentos, curiosidade de pesquisadora, afinal por que alunos e alunas que não tiveram aulas ou cursinhos preparatórios se destacaram desta forma neste vestibular? Foi no processo de coordenação das atividades do ‘Conectando os Saberes’ da Primeira Fase, orientação de diversas pesquisas que foi possível perceber o quanto se torna mais apurada a interpretação de texto e realidade dos estudantes. Habilidades e competências que são amplamente usadas em sala de aula e, consequentemente, nas provas vestibulares. Para além de uma reforma curricular, carga horária, flexibilização do currículo, como foi imposto pelo atual MEC, é o cotidiano escolar do Ensino Médio que precisa ser repensado. O exemplo exposto aqui é uma das possibilidades, outras podem ser criadas e desenvolvidas de forma a ressignificar estes três anos de estudos.
Essa nova relação com o conteúdo aprendido possibilita aulas mais participativas, assim como resultados melhores nas avaliações, visto que a capacidade de interpretação e argumentação se aprimora. E, novamente lembrando Paulo Freire: “fazendo pesquisa educo e estou me educando (...), pesquisar e educar se identificam em um permanente e dinâmico movimento!” Para os professores a orientação de projetos de pesquisa também se torna um contínuo processo de formação e aprendizado, portanto implementar a iniciação científica no ensino médio traz resultados para instituição de ensino como um todo.

Referências
BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude: conversas com Ricardo Mazzeo. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 12ª. Ed. São Paulo, Paz e Terra, 1996.
INSTITUTO ABRAMUNDO. Letramento Científico um Indicador para o Brasil (2014)http://www.abramundo.com.br/experimenta/assets/downloads/LetramentoCientifico.pdf
MACHADO, Adilbênia Freire. Ancestralidade e Encantamento como inspirações formativas: filosofia africana mediando a história e cultura africana e afro-brasileira. Dissertação (mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, 2014.
ROSA, Katemari; MARTINS, Maria Cristina. O que é Alfabetização Científica, Afinal?https://www.academia.edu/1618987/O_QUE_%C3%89_ALFABETIZA%C3%87%C3%83O_CIENT%C3%8DFICA_AFINAL
VOSS, Cristian. A Pesquisa Como Metodologia de Ensino: Um Estudo do Programa Conectando Saberes e suas aproximações com a Alfabetização Científica. Jaraguá do Sul: IFSC, 2014. (Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Ciências da Natureza)

Notas
*Foram estabelecidos quatro diferentes níveis de letramento:
Nível 1 – Letramento não-científico: Descrição: Localiza, em contextos cotidianos, informações explícitas em textos simples (tabelas ou gráficos, textos curtos) envolvendo temas do cotidiano (consumo de energia em conta de luz, dosagem em bula de remédio, identificação de riscos imediatos à saúde), sem a exigência de domínio de conhecimentos científicos. Os indivíduos classificados no Nível 1 revelam ter domínio das habilidades de reconhecimento e localização de informações técnicas e/ou científicas apresentadas em suportes textuais simples (gráficos e tabelas simples, textos narrativos curtos) envolvendo temáticas frequentemente presentes em situações cotidianas.
Nível 2 – Letramento científico rudimentar: Resolve problemas que envolvam a interpretação e a comparação de informações e conhecimentos científicos básicos, apresentados em textos diversos (tabelas e gráficos com mais de duas varáveis, imagens, rótulos), envolvendo temáticas presentes no cotidiano (benefícios ou riscos à saúde, adequações de soluções ambientais). No Nível 2, os indivíduos revelam a capacidade de resolver problemas cotidianos que exigem o domínio de linguagem científica básica, por meio da interpretação e da comparação de informações apresentadas em diferentes suportes textuais (gráficos com maior número de variáveis, rótulos, textos jornalísticos, textos científicos, legislação) com diversas finalidades. Dentre os conhecimentos científicos básicos exigidos podem ser citados o uso e a interpretação de medidas de tendência, a compreensão de fenômenos naturais e impactos ambientais.
Nível 3 – Letramento científico básico: Elabora propostas de resolução de problemas de maior complexidade a partir de evidências científicas apresentadas em textos técnicos e/ou científicos (manuais, esquemas, infográficos, conjunto de tabelas) estabelecendo relações intertextuais em diferentes contextos.
No Nível 3, os indivíduos apresentam a capacidade de elaborar propostas para resolver problemas em diferentes contextos (doméstico ou científico) a partir de evidências técnico e/ou científicas apresentadas em diferentes suportes textuais (infográficos, conjunto de tabelas e gráficos com maior número de variáveis, manuais, esquemas) com finalidades diversas. A construção de argumentos para justificar a proposta apresentada exige neste nível o estabelecimento de relações intertextuais e entre variáveis.
Nível 4 – Letramento científico proficiente: Avalia propostas e afirmações que exigem o domínio de conceitos e termos científicos em situações envolvendo contextos diversos (cotidianos ou científicos). Elabora argumentos sobre a confiabilidade ou veracidade de hipóteses formuladas. Demonstra domínio do uso de unidades de medida e conhece questões relacionadas ao meio ambiente, à saúde, astronomia ou genética. No Nível 4, os indivíduos são convidados a avaliar e confrontar propostas e afirmações apresentadas em linguagem científica de maior complexidade, envolvendo diferentes contextos (cotidianos e científicos). Para justificar as decisões apresentadas, os indivíduos aportam informações extratextuais para formular argumentos capazes de confrontar posicionamentos diversos (científicos, tecnológicos, do senso comum, éticos) por meio de linguagem relacionada a uma visão científica de mundo. VOSS, Cristian. A Pesquisa Como Metodologia de Ensino: Um Estudo do Programa Conectando Saberes e suas aproximações com a Alfabetização Científica. Jaraguá do Sul: IFSC, 2014. (Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Ciências da Natureza)
**Sobre os níveis de educação definidos por Bateson temos: “O nível mais baixo é a transferência de informação a ser memorizada. O segundo, a ‘deuteroaprendizagem’, visa ao domínio de uma ‘estrutura cognitiva’ à qual a informação adquirida ou encontrada no futuro possa ser absorvida e incorporada. Mas há também um terceiro nível, que expressa a capacidade de desmontar e reorganizar a estrutura cognitiva anterior ou desembaraçar-se totalmente dela, sem um elemento substituto. Esse terceiro nível foi visto por Bateson como um fenômeno patológico, antieducativo mesmo. [...] Creio que essa é uma das mais notáveis modificações no ambiente da educação, e potencialmente também em suas metodologias – e, com efeito, no próprio significado do conhecimento e na forma de sua produção, distribuição, aquisição, assimilação e utilização.” BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude: conversas com Ricardo Mazzeo. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. 

Apresentações de Pesquisa dos Grupos de Primeira Fase



Bancas Formadas por Professores e Técnicos do IFSC


Participação em Feiras de Ciências
(Em geral, são as pesquisas do segundo e terceiro ano que participam devido a temática)
Para assistir ao vídeo: http://febrace.org.br/virtual/2017/EXA/268/

Debate e Lançamento do Livro: Jovens, Política(s) e Cidade(s)
Atividade complementar ao ‘Conectando os Saberes’





25 comentários:

  1. Olá professora,

    As experiências relatadas acerca do 'Conectando os Saberes' são inspiradoras. Compartilho do mesmo sentimento de angústia quando tento conciliar a preparação para vestibulares/ENEM e a formação de estudantes-cidadãos. Dentro das limitações espaço-temporais de uma sala de aula de ensino médio, busco mesclar aulas e atividades que direcionem os (as) estudantes para ambos os caminhos, mas enxergo como maior entrave o pouco compromisso de professores e professoras com atividades inter e multidisciplinares. Observo isso em alguns projetos que desenvolvo ou participo dentro das unidades escolares onde atuo. Dentro de nossa disciplina, o foco na pesquisa contribui diretamente na superação do senso comum e na mera reprodução de informações veiculadas pelas mídias e suas linguagens. Parabéns pelo projeto!

    Maicon Roberto Poli de Aguiar.

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    1. Oi Maicon
      é uma experiência muito positiva, trabalhosa, por vezes, estressante, mas acho que faz uma diferença enorme para os alunos e alunas. Já tive projetos e pesquisas melhor redigidos do que os universitários e falo de turmas de 1º ano. Se quiseres ver as apresentações, tenho certeza que o IFSC - Jaraguá irá te receber. Posso ver as datas. É sempre uma ótima oportunidade de aprendizado.
      Abraços, Carla

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  2. Boa tarde, de fato, a questão do currículo e de quais os objetivos da educação básica, inserindo-se ali a questão do Ensino de História, deve ser tema de debates e de amadurecimento. Como lidar com ideologias? Com perspectivas de mundo? Com "esquerdismos" e "direitismos"? É possível ensinar História e fomentar a liberdade de pensamento e de interpretação do aluno?

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    1. Oi Douglas
      em geral, como professores da educação básica trabalhamos com a 'leitura da história', pois trabalhamos com livros didáticos, a partir das pesquisas de outros. Esse livro didático, como material pronto, já contém ideologia, pois as teorias e métodos historiográficos têm sua perspectiva da história. É nesse sentido que faço a defesa da pesquisa, pois ela permite que os estudantes exerçam um papel ativo na construção do conhecimento histórico, ver os documentos, ler o que já foi escrito, analisar os fatos e a bibliografia e chegar a uma conclusão a partir daí. Se a pessoa adquire o hábito de analisar a realidade ela pode transferir isso para outras atividades do cotidiano, ou seja, ter um pensamento analítico.
      Nossas aulas tendem muito a ser faladas, em que contamos, discursamos sobre a história, simplesmente passamos nossa interpretação para os estudantes, não permitimos que eles elaborem criticamente o conteúdo. Algo bem perigoso, pois os alunos e alunas passam a ser apenas 'ouvintes' e não elaboram esse pensamento, com o passar do tempo trocam seus discursadores, sem analisar criticamente suas falas. Talvez muito do fenômeno de tempos em tempos as pessoas elegerem alguns 'heróis', 'salvadores da pátria' se dá justamente porque procuram pessoas que proferem uma suposta verdade e não dão conta de criticar as falas dessas pessoas ou mesmo confrontá-las com a realidade.
      Entendo que podemos fomentar a liberdade de pensamento no ensino de história, desde que repensarmos a prática da sala de aula.

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  3. Me causa angústia saber que alguns jovens preferem ter uma formação técnica que visa ser mão de obra no mercado, ao invés de ter na formação a possibilidade de participação durante o ensino fundamental ou médio uma iniciação científica.

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    1. Jelly,
      Acho que temos que separar o momento histórico, penso que a busca pelos ensino nos IF's e SENAI atualmente, de fato é uma busca por uma educação pública de maior qualidade. Isso dado a toda a reformulação que os Institutos Federais tiveram nos últimos anos. É diferente do que houve na Ditadura Militar que o técnico foi um 'projeto político'. Somos cientes que muitos estudantes ali estão para terem maiores chances no vestibular, pois o ensino se tornou muito melhor.
      Sobre a população adulta, ou seja, que não está na idade regular do Ensino Médio, por vezes, o técnico é uma possibilidade de melhorar o salário, especializar-se em determinada área.
      Acho que não podemos mais fazer essa diferença meio hierarquizada entre os formatos de ensino médio, também precisamos entender que há pessoas que não têm intenção de fazer um curso universitário, então é preciso oferecer opções a todos, o importante é termos uma diversidade de caminhos.

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  4. Boa tarde Carla,
    Vejo a inserção dos alunos no ensino médio no universo da pesquisa acadêmica por meio da iniciação cientifica como um grande avanço educacional. Mesmo que façam a escolha por uma formação técnica a nível médio, as possibilidades de atuarem nas áreas de pesquisa os capacita a vislumbrarem outros caminhos além da profissionalização. Sou supervisora PIBIC _JR – PUCPR no colégio onde atuo e as experiências dos nossos alunos em várias áreas de saberes, abriu portas e novas perspectivas para eles, principalmente por estarem inseridos em uma região de alta criminalidade e baixa renda.
    Abçs
    Carla Gomes da Silva

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    1. Oi Carla
      Da mesma forma que os/as acadêmicos/as na iniciação científica apresentam uma diferença enorme em seus estudos na universidade, os efeitos no ensino médio são ainda melhores, pois entram na universidade com outra consciência.
      Precisamos difundir a ideia!

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  5. Boa noite. Queria partir de uma discussão que achei interessante:

    "Devido a esta ‘crise identitária’, considero difícil lecionar no Ensino Médio, de certa forma compartilho com os estudantes a angústia de pensar o seu futuro, afinal como devo planejar as aulas de história? Uma revisão de conteúdo tendo por fim o ENEM e vestibulares, ou focada na análise e debate, com o intuito de proporcionar a formação de um cidadão atuante, crítico em relação ao mundo do trabalho e a sociedade. Alguns poderão dizer que é possível e necessário fazer os dois, mas basta uma leitura rápida nas últimas provas de história do ENEM e dos vestibulares, para se perceber que os assuntos e detalhes solicitados nestes exames estão muito além dos conteúdos elencados nos livros didáticos e nas propostas curriculares estaduais. Ao se ater a detalhes como datas, locais, personagens históricos, quer dizer, favorece muito mais um conteúdo a ser decorado, ao invés de ser debatido e questionado, portanto parte de uma concepção de aulas de história que pouco se relaciona com a formação de estudantes atuantes e críticos. Os responsáveis pela elaboração destas provas parecem ter pouco conhecimento sobre a realidade das salas de aula brasileiras ou mesmo as propostas que temos feito para o ensino desta disciplina. Ou seja, a partir das provas de ingresso no ensino superior que são realizadas, torna-se muito difícil conciliar estes dois ‘modelos’ de ensino médio."

    Então... vamos por partes:

    Sou professor de História de um Pré Enem comunitário que se localiza na cidade de Barra Mansa, parto do pressuposto que as pessoas devem estudar em casa para que tenham êxito na prova, trabalho com eles questões por questões, pensando não apenas em explicar as respostas certas, mas também as alternativas erradas. Para cada justificativa existe uma referência, ou seja, uma fonte que possa servir de referência para pesquisa como um site de internet, por exemplo. Tudo isso eu faço para contemplar um(a) estudante que não tem tanto tempo de estudar em casa, mas que precisa ter um certo conhecimento para enfrentar esse processo tão ingrato quanto o Enem, que agora está se alterando.
    Quando digo que um estudante pode fazer a mesma coisa que eu faço para preparar questões comentadas, eu digo ao mesmo que ele pode pesquisar, achar aquilo que achar certo para ele, ou não, e pontuar. Isso para mim também é pensar a pesquisa. E é algo que não depende de uma bolsa de incentivo para pesquisa. Trabalho com algo que faz parte da realidade da maioria dos estudantes de escolas públicas, e não de estudantes de escolas públicas federais.
    Não sei se você quis dizer isso, mas acho que nem sempre é necessário ter uma bolsa de pesquisa para pensar de uma maneira crítica.

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    1. Oi Carlos
      o programa de iniciação científica não tem bolsas de pesquisa, é uma Unidade Curricular do curso. Mas uma Unidade transversal, não tem uma disciplina específica. A cada quinze dias a escola para duas aulas - em dias alternados da semana - para desenvolverem os projetos e a pesquisa propriamente. Nesse sentido, ele é aplicável em todas as escolas.
      Estamos numa escola federal, mas o público que os IFSC atende é mais de 90% oriundo de escola pública e ainda temos a cota social. O que quero dizer é que essa escola não está atendendo uma elite econômica. A diferença é que até o terceiro ano é difícil termos alunos e alunas trabalhadores, mas isso já é um planejamento familiar também que está investindo no futuro de seus filhos/as.
      A atividade de pré-enem também trabalhei com um grupo pequeno de estudantes que pediram uma revisão e maioria eram egressos e fiz do mesmo modo que você.
      Mas de minha parte acho que o Ensino Médio pode oferecer um espaço de encontro consigo e maturidade para os/as estudantes. A minha defesa da pesquisa, assim feita por toda a sala, por todas as turmas e não apenas alguns escolhidos, contribui muito para a dinâmica diária da sala de aula. Todo o caminho que fazemos da pesquisa, busca de dados, leitura de bibliografia, confrontação de documentos com a bibliografia, análise, escrita de conclusões é um processo muito interessante a ser aplicado no cotidiano, mas é algo que se aprende fazendo, precisa da prática.
      A pesquisa é uma possibilidade de mudarmos o cotidiano da prática escolar, uma entre outras, penso que teríamos que ter mais espaço para as artes, para atividades comunitárias. Algo que dê um sentido prático ao conteúdo aprendido.

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  6. Boa noite Carla,
    Concordo que existe um problema identitário no EM e infelizmente nós da escola publica nos vemos meio engessados e impossibilitados de realizar mudanças significativas, perante a realidade da educação e das condições de trabalho dos seus profissionais. No entanto, sua experiencia me desperta para uma possibilidade, mesmo que distante.
    Gostaria de saber neste processo de conexão das disciplinas (interdisciplinaridade), da pesquisa e de todo processo inerente a mesma, como é organizado o conteúdo de História? Existe uma seleção dos temas mais significativos? São selecionados de acordo com as pesquisas?
    Desde já, Parabéns pelo trabalho.
    Raquel do Nascimento Barboza

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    1. Oi Raquel,
      o Conectando os Saberes é uma Unidade Curricular do curso. Mas uma Unidade transversal, não tem uma disciplina específica. A cada quinze dias a escola pára duas aulas - em dias alternados da semana - para desenvolver os projetos e a pesquisa propriamente.
      O conteúdo de história é o mesmo das demais escolas, mas com um carga horária reduzida. Sim, desesperador. Ao sair do IFSC sugeri que reduzissem o conteúdo, fizessem uma seleção dos conteúdos. Nos projetos trabalha-se muito história local e de SC, então há um diálogo sobre, sempre comparando com os eventos em nível nacional e internacional, mas extra-horário, na orientação da pesquisa. Por vezes, em sala de aula surge uma colocação: '_ Na nossa pesquisa do Conectando nós algo sobre isso...' E daí, começa a conversa de aproximação. Ou contrário, a gente está falando algo e os/as alunos/as fazem o link com a pesquisa que desenvolvem.
      Foi uma experiência muito boa, exigente, por vezes, cansativa, mas ao fim gratificante.

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  7. Olá Carla. Gostei muito da temática escolhida, é extremamente oportuna e atual. De fato, a questão identitária desta fase da escolarização atualmente denominada de ensino médio, é histórica. Pensar então, a iniciação científica neste espaço é de muita lucidez e coragem, no entanto, considerando que pesquisa não se faz sem dinheiro, como acontece o financiamento do projeto? Não ficou muito claro.
    Ana Rosa Sudário Rodrigues.

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    1. Oi Ana
      Não temos financiamento. O Conectando é uma Unidade Curricular do curso. Mas uma Unidade transversal, não tem uma disciplina específica. A cada quinze dias a escola para duas aulas - em dias alternados da semana - para desenvolverem os projetos e a pesquisa propriamente.
      Quando é preciso algum material para pesquisa os alunos pedem doação em lojas e empresas, às vezes, eles pagam. Temos algumas bolsas de iniciação científica, mas ela não está relacionada ao Conectando Saberes, às vezes, algum projeto é apresentado e ganha a bolsa e financia a pesquisa. Mas temos poucas dessas bolsas, talvez cinco. E temos hoje 6 turmas com 5 ou 6 projetos, ou seja, o Programa funciona como unidade curricular realmente. Procura-se fazer pesquisas de baixo custo, que envolvam pesquisa de campo e que se use o que temos á disposição. Quando é pesquisa de opinião, temos tentado usar o google drive, até pela questão ecológico do uso de papel e fotocópias, quando é preciso ir pra rua e precisamos do papel, tb pedimos ou dividimos o valor.
      Como técnico em química, a escola tem laboratório e ele é amplamente utilizado, quer dizer, usa-se o que a escola oferece. Já aconteceu de algumas pesquisas conduzirem para resultados interessantes e se pediu o uso do laboratório de outras instituições para o uso de aparelhos que não têm no IFSC, mas casos bem pontuais.
      Os/as estudantes apontam 5 temas que gostariam de pesquisar, depois os professores conversam sobre as reais possibilidades de execução dentro das nossas condições e se seleciona um. Quero dizer que os/as alunos/as vêm com ideias ótimas, mas às vezes, as nossas condições materiais não permitem a execução, sempre comentamos para eles guardarem a ideia para universidade.
      Ana, às vezes, é preciso arriscar e ir adiante mesmo sem as devidas condições financeiras.
      Abraços, Carla

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    2. Prezada professora: também sou professor de História no ensino médio em São Mateus do Sul-Pr. No planejamento deste ano o Colégio Prof. Paulo Stencel, através de debate entre o corpo docente decidiu incluir no PROEMI (Programa Ensino Médio Inovador) um projeto de iniciação científica. O objetivo é ensinar os alunos num primeiro momento a produzirem trabalhos dentro das normas técnicas da ABNT e num segundo momento, ensiná-los a produzir seu próprio conhecimento, como a senhora afirma em seu artigo. Trata-se de uma primeira experiência; um projeto piloto que está sendo construído coletivamente pelo corpo docente. Não temos ainda nenhum resultado a apresentar, uma vez que o mesmo vai se iniciar no segundo semestre letivo. Entretanto tenho boas expectativas e creio que se conseguirmos realizar o projeto tal qual planejado, nossos alunos passarão a ser mais críticos, ou em outras palavras, passarão a exercer sua cidadania de forma mais abrangente. Se a experiência der resultados positivos a ideia é incluí-la no Projeto Político Pedagógico do Colégio. Parabéns pelo seu artigo e pela acertiva de suas afirmações.

      Prof. Mário Sérgio Deina
      Mestrando em História e Regiões (UNICENTRO)

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    3. Profº Mário
      Caso vocês queiram trocar ideias, tenho certeza que a equipe estará disposta a compartilhar experiências. Tenho certeza que a equipe estará disposta. O profº Clodoaldo Machado sempre tem ido as escolas para apresentar o programa, assim como relatar as dificuldades iniciais e como foram superadas.
      Estamos em constantes amadurecimentos, mudanças e inovações.

      Deixo abaixo alguns contatos:

      clodoaldo.machado@ifsc.edu.br - Pró-reitor de Pesquisa e cocriador do Conectando os Saberes
      catia.machado@ifsc.edu.br - Diretora de Ensino
      annecrbartz@gmail.com - Coordenadora do Curso

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  8. Olá Carla,
    Sou professora do Ensino Superior e já faz algum tempo que cultivo a ideia de participar do Programa de Bolsas de Iniciação Científica – Ensino Médio (PIBIC-EM), mas como nunca atuei na Educação Básica, confesso que tenho dito dificuldades para apresentar uma proposta neste sentido. Compartilho com você a compreensão do lugar da pesquisa no ensino e quero dizer que seu texto me ajudou a pensar várias questões no sentido de superar minha indecisão. Penso que neste momento em que a presença do ensino de História no Ensino Médio está ameaçada é nosso papel contribuir para a formação de pessoas com capacidade crítica.
    Se tiver alguma dica para dar, será bem vinda, estou pensando em propor algo sobre a história das mulheres no livro didático de História
    Abraços,
    Eliane Freitas

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    1. olá
      eu entendo que uma das diferenças é os/as alunos/as escolherem o tema de pesquisa, pois há um engajamento maior.
      Seu tema é ótimo, mas será que eles/elas se sentirão motivados?
      Eles/elas nos surpreendem com as ideias, temos um grupo que está desenvolvendo esmalte de unha com pigmentos naturais da região. Pensa, os professores nem tinham cogitado a possibilidade dos pigmentos naturais, deu certo o trabalho foi escolhido para uma feira no México. Sei que esse é um exemplo da química, mas é a área do curso técnico e depois que eles passam pelo processo de aprendizado explode a criatividade.
      Ao fim desse semestre teremos trabalhos muito interessantes na área de humanas, mas estou aguardando os resultados. Mas até dia de Cosplay para pesquisa houve...
      Tente, a gente aprende com nossos erros.

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  9. Boa noite! Parabéns pelo trabalho desenvolvido.

    A experiência de construção do conhecimento articulando atividades de sala de aula e pesquisa científica é, sem dúvida, fundamental para o processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis e modalidades de ensino, conforme explicitado no seu trabalho.

    Quais são os maiores desafios para o desenvolvimento e expansão da iniciação à pesquisa científica no ensino médio?

    Naurinete Fernandes Inácio Reis

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    1. Olá Naurinete
      O trabalho de pesquisa precisa de um acompanhamento dos professores/as orientadores/as, sobretudo no primeiro ano do ensino médio, pois muda completamente a perspectiva de pesquisa dos/as alunos/as, portanto seria preciso dispor dessa de uma hora semanal de orientação aos grupos. Ou seja, é um projeto político e um projeto de escola.
      Então, o nosso desafio parece ser o mesmo: os nossos políticos, que pouco compromisso e conhecimento têm com a educação.
      Também precisamos de compromisso de todos os professores, pois é uma atividade extra e pode ser bem cansativa para os estudantes, mas como é algo mais prático, estes tendem a aderir. E também a nota da banca da pesquisa - peso 5 -, mais a nota dos encontros semanais - peso 2,5 -, mais a nota do/a orientador/a - peso 2,5 - é somada a todas as disciplinas, sendo que o peso mínimo é 10% da média final, mas podemos contar até peso 10, ou seja, nota inteira.
      No site temos detalhado o funcionamento do programa, com as alterações ao longo do tempo. Quando saí estávamos discutindo de fazer apenas dois projetos de um ano e meio cada um, pois os projetos de química estão ficando mais elaborados e precisam de mais tempo, e como o de humanas é o primeiro, os alunos precisam mais tempo para a escrita do relatório.

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  10. Bom dia, Professora Carla Satler.

    Primeiramente, Fora Temer!

    Em segundo, quero compartilhar dos seus anseios e preocupações.

    Penso que a Reforma do Ensino Médio foi sancionada de modo autoritária, sem os principais interessados, tipico de um estado em que suas instituições não estão funcionando democraticamente.

    Em terceiro, acredito que a identidade do Ensino Médio é atravessado por disputas e relações de poder.

    O quarto ponto que quero sublinhar é que a Pesquisa no âmbito do Ensino Médio possibilita desenvolver o ensino de história com mais honestidade. Em que sentido? Permite o acompanhamento sistemático do aluno, destacando a pesquisa, leitura, reflexão... Além disso, insere-o nos debates acadêmicos, como na participação de congressos, exposições...

    Digo isso porque oriento duas alunas no Pibic Cnpq Ensino Médio Ifma. Percebo que elas têm um perfil mais acabado, no sentido de que produzem pesquisa, envolvem-se nos eventos e têm se saido muito bem nas disciplinas acadêmicas.

    Por fim, gostaria de saber quais são as suas espectativas para o Essino de História nesse tempo permeado pelo recrudescimento do racismo e intolerância, pela política antimigrante e de uma 'política' de construção de muro e de ascensão ao poder no Brasil e no mundo de representantes políticos com uma agenda conservadora?

    Paz e bem!

    Francisca Márcia Costa de Souza

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    1. Olá Francisca
      muito pertinentes as tuas colocações. Estamos em tempos difíceis, de resistência e, sobretudo, rever nossas estratégias. É um tempo de provocações também e precisamos saber nos posicionar. Nestes vintes anos em que trabalho como professora esta última semana enfrentei uma apresentação de trabalho em que os alunos defenderam o Estado mínimo e a ditadura militar. Logo percebi que além de uma convicção era uma provocação. Minha decisão foi questionar os alunos a partir de suas contradições, não um esclarecimento do que foi a ditadura, fiz isso depois, mas naquele momento precisava fazê-los refletirem sobre as suas contradições. Perguntei como eles conciliavam o Estado mínimo com ditadura, já que ditadura é excesso de Estado? Foi interessante a percepção deles que os discursos ouvidos eram incoerentes. Algo que disse em outra resposta, precisamos ter o cuidado de não termos aulas muito discursivas e mais práticas, que exercitem a criticidade, senão os estudantes podem se deixar levar fácil pelos 'falsos gurus' de internet ou pessoalmente.
      É nesse sentido, que faço uma defesa da pesquisa, pela possibilidade de uma melhor percepção da realidade, o trabalho em grupo derruba as barreiras do racismo e intolerância, até porque estes temas aparecem como assuntos a serem pesquisados. Nesse momento, precisamos reaproximar os/as jovens da realidade. É um trabalho de micropolítica e de paciência, mas salutar.

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  11. Carla Cristina,
    Carla
    Gostaria de parabenizar pelo trabalho desenvolvido com alunos do Ensino Médio. Tenho realizadotambém projetos de iniciação científica com alunos da Educação Básica, tem sido extremamente gratificante.

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  12. olá
    Obrigada! E concordo com você, a pesquisa com alunos/as do ensino médio foi uma surpresa gratificante nestes mais de vinte anos lecionando.

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